quarta-feira, 20 de maio de 2009

Desejo de Outra Coisa

Às vezes começa com um sentimento desajeitado de ser. Gostaríamos de ser outra coisa, qualquer coisa, desde que seja outra coisa.
Essa outra coisa está no cansaço contínuo daqueles que sempre ensaiam entrar na vida, mas não tem coragem de abrir as cortinas para serem aplaudidos, de pé.
Essa outra coisa é uma presença, o tédio talvez seja sua maior expressão, pactua com o deprimido, desperta em nós o agressivo, ao mesmo tempo que tentávamos ser contidos.
Também a encontramos nos fracassos acumulados, nos acidentes descabidos, nos vícios compulsivos.
Essa outra coisa está nas palavras impostas, na criatividade pressentida, no improviso de não saber como agir em incontáveis momentos.
Nos fatos esquecidos essa outra coisa não deixa de estar, assim como no som irritante aos ouvidos, nos atos falhos desconcertantes, na rasura de um escrito.
Na dor que percorre o corpo recusando um sentido, na noite dos boêmios, nas despedidas que ficaram, nos amores mal resolvidos (aqueles que desabrocham na madrugada, prometem se firmar no dia seguinte e morrem logo depois, por falta de substância ou cuidados).
Em errância, essa coisa grita dentro de nós e é preciso alguém que a escute sem moral e despido de preconceitos, num silêncio que conforta, o que não deixa de ser uma maneira diferente de satisfazer essa outra coisa, na arte de se deixar levar sem se perder.
Tudo isso para no final ter uma breve certeza de que o prazer alcançado esteve sempre ali, circunscrito, parcialmente vivido.
Sempre a mesma coisa.
E que coisa!

Quem sou eu?

Eu sou feita de saudades.
Eu sou feita de vontades e ansiedades.
Eu sou feita de risos e lágrimas.
Sou, enfim, um equilíbrio desequilibrado por cima de um rosto infantil e uma alma excêntrica que insistem em me fazer ser eu.
Serei eu assim mesmo?

Rotina

E amanhã começa tudo de novo.

Mais uma semana inerte, que vai passar vazia, sozinha, quieta, largada num canto frio da minha memória.

Os dias passam devagar, se arrastam numa lentidão que me persegue, me aflige, me deixa inerte. Não tenho vontade de fazer nada por esses dias. Só tenho vontade que eles passem, pra que eu possa ter vontade de fazer algo de novo. E algo novo...

Algo que me satisfaça, pois a minha rotina tem me consumido, regredido, diminuído e entediado.

Não sei mais onde me esconder dos meus próprios dias.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O vento

O tempo
As folhas
Brisa suave
A metade de laranja
Faz falta o fim de tarde

Se ainda sou jovem
Porque pensar no amanha,
se hoje é o meu dia?

Ainda quero ser alguém...

Respiro fundo
E penso
E mais uma vez sonho, sinto...

E tudo me vai removendo,
Me remoendo...

Se repete
Se consome
Me engana
E esqueço mais um vez,
Acho q agora vai
E passa o tempo

O vento

As folhas

Os livros

A vida

O vento...

Nada muda...

Nunca muda!

Frase linda de Caio...

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra"

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mudanças

Os dias não estão mais tão desagradáveis. A vida parece tomar um novo rumo, um novo gás. Felicidade, talvez. Talvez ela esteja mais imune aos fatores externos que querem afetá-la. Mas não sei se eu tive participação em tal mudança. Não sei. Meus momentos são tão inertes ultimamente. E tantas mudanças estão sempre por vir que eu já cansei de esperar, já enjoei de ter que sempre viver na espera.

Meus pensamentos divagam sobre situações que nunca existiram, passo o dia inteiro alheia ao que se passa diante de meus olhos. As pessoas passam como brisas quentes, pouco notáveis. Eu sou pouco notável também, então estou quite com o mundo.

Vivo de um passado que não vivi e de outro que vivi.

De um futuro que quero muito viver.

E de um presente mórbido e linear demais pro meu coração tão carente de palpitações.

Enfim, vivo. Sem tristezas. Apenas com saudades de presente, de futuro. De gostos, sensações. Saudades de amor, de amizade. Saudades do novo que, embora velho, tinha cheiro de recém chegado todos os dias. Que me fazia pensar que cada dia valia a pena por mais previsível que ele fosse. Ah, que saudades...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Malditos dias que ainda hão de vir

Maldito dia em que você precisou de minha ajuda e não pude te ajudar.
Maldito dia em que te olhei ao chão e travei.
Maldito dia em que me marcou a ferro as minhas chagas da vida.
Maldito dia em que fiz de teu auxílio minha paranóia.
Maldito dia em que seu amor fez de mim dependente.
Maldito dia em que não pude sentir o (maior) erro seu em mim.
Maldito o dia em que não me dei conta de todos os malditos dias que ainda hão de vir.

Mil vezes maldito...

Um instante, preciso matar alguém

Vou escutar melancolia a cada vez que ouvir aqule som da plaquinha subindo no msn, somos três objetos perdidos no meio de um antiquário.
Vou jogar pra cima todas as emoções, gritar palavrões, entender muito pouco; quase nada.
Vou quebrar o espaço, invadir os círculos, sujar a perfeição.
Eu te quero exatamente como você é: "imperfeição é seu nome"
Vou bater na sua cara, te chamar de cínica, de falsa, de hipócrita, de vá embora.
Vou sentir saudade e ciúme também.
Vou me envolver, deixar o corpo me conduzir a mais um fragmento de minha tragédia grega de bolso... um drama.
Vou mascarar, manter seu gosto, procurar em mim descanso pra ti.
Vou olhar serena, lembrar de mim, reconhecer-me e te deixar.
Vou gritar bem alto, pois assim deve ser: foi como eu escolhi.

Vá embora, adeus!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Desagarro

Não desista
Não se limite
Faça o que há para ser feito
Quebre o meu sorriso
Destrua meu pensamento
E faça, sem hesitar ou mentir, o que quiser.

Viva sem mim, e me obrigue a fazer o mesmo
Me mate de chorar, triplique a minha angústia
Mas seja feliz.

Desgoste seu passado, esqueça-o.
Recomece, invente e seja
Tudo aquilo que, mesmo sem saber, eu não te deixei ser.

Fim.

Labirinto

Passo por passo, segundo por segundo
Assim vou vivendo, sentindo, seguindo
Os momentos já não parecem ser em vão
Os meus sorrisos estão mais sinceros
As minhas alegrias fazem mais sentido
Os meus desejos parecem ter fundamento...
Me sinto feliz.

Não estou completa, algo falta
Mas não quero saber o que é
Se não tenho agora é porque não preciso
Se me sinto feliz, é porque posso viver.

Se alguém quiser atravessar minha serenidade,
Eu direi: - Não.
Mas se alguém compreender minha insanidade,
Eu direi: - Sim!
Mas se ninguém me diz nada, o que fazer?
O mesmo, ora! Nada.

Humanizar

O sintoma de ser.
A consequência de existir.
A mania de reclamar.
Raciocinar é coexistir.
Humanizar, nem sempre.
Pensamentos, achismos.
Caráter duvidoso.
Olhos atentos a todos.
A tal desconfiança.
Poder, querer, fazer.
Conviver.

domingo, 10 de maio de 2009

A História da Menina

Era uma vez uma menina. Que tinha sonhos, vontades e jeitos. Uma menina que almejava conquistas, que mudava de estilos. Que experimentava e ressurgia a cada dia, a cada novo desejo.
Ela já gostou de rosa, de preto, de músicas barulhentas e ruins. E hoje seus sonhos mais bonitos são violetas.
Os sonhos que ela achava distantes, hoje estão escritos em sua história e na palma de sua mão. Hoje seu mundo gira em torno de tudo que ela construiu. Com seu riso frouxo e lágrimas não-contidas. Com suas desavenças e explosões de humor. Com seus amores e desamores. Seu futuro está prestes a começar, em mais um sonho que, hoje, é apenas seu cotidiano próximo.
Ela era só uma menina. Ela talvez já seja uma mulher. Mas ela conseguiu.
E ela sou eu.
E sempre serei assim, ou não?

Digavações de um mesmo tom

O que às vezes parece um pedido de desculpas ingênuo e promessas de dias melhores (necessário citar o arrependimento tardio!) pode fazer com que paremos para refletir sobre o quanto podemos ou devemos perdoar.
Quantas vezes é possível fazer de conta que não se está magoada porque, de alguma forma, fomos agredidas verbalmente e não temos a coragem de falar?
Cada pessoa tem uma forma de externar os sentimentos, algumas desabam em lágrimas enquanto outras gritam ainda mais alto até que a situação fique fora do controle, existem até aquelas que se resignam ao silêncio e a dor parece que vai envolver tudo: coração aperta, peito se desdobra, estômago dói e o medo cala...Medo de reagir, medo ainda maior da reação.
Eu me encaixo nesse terceiro grupo e digo com convicção, tudo é ruim quando alguém grita com a gente, mas nada é pior do que quando esse grito vem de quem amamos. E nem sempre é possível abraçar, voltar a fita e ir dormir mais tarde... Não sem antes dizer o que se sente, sem antes falar que se está triste...
Porque não dá para ir para a cama com um nó na garganta e pensamentos numa noite de insônia, pois o prazer de vários beijos e abraços não apagam a dor na alma!

Agonia

Não quero mais nada disso, quero logo todas as mudanças, odeio as distâncias, preciso de companhia, não aguento mais chorar, preciso estudar, estou me sentindo uma inútil, quero ser mais do que tenho sido, quero ser menos do que tenho sido, quero ser, quero poder ser, quero pensar, quero falar, quero descobrir, quero fazer, quero agir, quero tanto que ainda não tenho e tenho tanto que ainda não quero.
Eu quero eu.
E não este imenso nó na garganta.

Círculo vicioso de vícios não-viciantes

"Pode parecer qualquer coisa ou não se parecer com nada. Mas sentir-se feliz com a vida não significa estar feliz a todo momento."

Acordo. O dia nasce quente, a solidão bate, não é bom ficar só. Embora seja necessário levantar, o dia não parece muito convidativo. Os minutos, poucos , passam rápido, e ficar mais alguns deles inerte no meio-sono pode causar consequências ruins. É melhor levantar. O Sol incide nas minhas pupilas, foto-sensibilidade. Banho, vamos ver se nele meu corpo desperta para o novo dia tão igual. Rotina idêntica, robotizada. Clima desagradável. Tanto de temperatura quanto energéticamente. Tédio. Visto-me, como e saio. Rumo a um dia que já sei como vai ser.

Aqueles minutos que dissipavam-se com velocidade admirável, agora rastejam-se, parecem parados. Paro, penso. Continuo parada, continuo pensando. Não tenho como mudar isso. Então assisto à lenta passagem dos minutos, para que tornem-se horas passadas. E aguardo o fim de uma manhã interminável e inerte. Está na hora! Levanto-me, saio. Vou em busca do fim de mais um dia que recomeçará amanhã, no círculo vicioso no qual minha vida transformou-se. Adormeço.

De Volta a Realidade!

Depois de passar férias no paraíso eu sinto que a saudade é apenas um estado momentâneo. Uma condição em certos momentos da vida. Não podemos deixá-la tomar conta dos outros sentimentos. Ela tem que ser uma mera coadjuvante do coração. A sócia minoritária. Digo isso porque tenho sentido muitas saudades, estou convivendo com a distância e de uma forma devastadora. Mas tudo tem seu lado bom. E se essas saudades incomodam tanto é porque vivo coisas boas na vida, conheço pessoas realmente especiais e importantes que amo de verdade.

Passei alguns dias em companhia do meu amor. A cada segundo tenho mais certeza que é ele. O meu Porto Seguro. Estou amplamente feliz. E já com saudades, mas sublimemente alegre. Porque amo e sou amada. Por pessoas muito, muito especiais.

E de volta à realidade!